Assistente virtual leva IA generativa para todas as redes sociais da companhia; sistema vai estar disponível, em português, em julho

A Meta anunciou nesta quinta-feira que vai liberar em julho, no Brasil, sua assistente de inteligência artificial integrada ao WhatsApp, Instagram, Facebook e Messenger. Chamado de “IA da Meta”, o chatbot interage com os usuários diretamente nas redes da empresa, com geração de imagens, criação de textos e resposta para perguntas.

Apresentada em abril, em inglês, a assistente de IA da Meta foi o maior passo da empresa, até aqui, para integrar a inteligência artificial generativa, do mesmo tipo do ChatGPT, em suas redes sociais, acessadas por pouco mais de 3 bilhões de usuários no mundo.

O anúncio desta quinta foi feito pelo CEO da empresa, Mark Zuckerberg, durante evento global Meta Conversations, que aconteceu em São Paulo. Em um telão montado num palco no Pavilhão do Parque Ibirapuera, na capital paulista, o fundador da gigante das redes sociais afirmou que seu objetivo “é construir o melhor serviço de IA do mundo”.

— Estou feliz em anunciar que vamos lançar o Meta AI em português no próximo mês, junto com vários outros idiomas. Isso significa que mais pessoas ao redor do mundo vão poder fazer perguntas ao assistente em qualquer um de nossos aplicativos — acrescentou Zuckerberg.

A IA, que já estava disponível nos EUA e em pouco mais de uma dezena de países, é alimentada pelo Llama 3, modelo de linguagem da empresa que é o “cérebro” por trás da assistente. O lançamento dos recursos no Brasil será feito de forma gradual.

O sistema, assim como outros chatbots de inteligência artificial, responde perguntas, gera imagens (inclusive realistas, no caso do WhatsApp) e pode acessar informações atualizadas a partir dos buscadores Bing e Google, segundo a empresa.

A interação com a IA vai ser diferente dependendo da rede social. Em comum, todas vão passar a ter o robô que, ao ser acionado, conversa com o usuário. O assistente poderá ser acessado em todas a partir do recurso de buscas nas redes (na função “pesquisar”).

No WhatsApp e no Messenger, o chatbot também vai aparecer como uma nova aba de conversa. No Instagram, será possível ainda fazer perguntas para a IA dentro de um chat entre usuários. Para isso, será necessário apenas digitar “@Meta AI” na conversa. Já no Facebook, a IA vai aparecer também no feed, como um novo botão dentro da rede social. Na versão em inglês, essa opção de interação é chamada de “Ask Meta AI” (“Pergunte ao Meta AI”).

Ao GLOBO, o diretor geral da Meta no Brasil, Conrado Leister, afirmou que a expectativa da empresa, com base no comportamento de usuários em outros mercados onde os bots já funcionam, é de que a IA seja usada como uma assistente para pesquisas.

Ele acrescentou que a IA compila “dados públicos” e que pode ser uma alternativa para informações buscadas por meio de outros aplicativos, como o Google. O executivo destacou, ainda, que o sistema aprende com o comportamento do usuário e é capaz de personalizar as sugestões:

— Em tese, tudo que é público e dê para compilar informações relevantes a sua pergunta ele (o assistente) pode trazer — afirmou o VP da Meta. — E conforme você usa a Meta IA, ela entende seu perfil. A grande vantagem é que ela começa a aprender com você ao longo das interações e passa a ser cada vez mais preciso.

Além da integração nas plataformas, o robô também pode ser acessado em uma versão desktop que segue a mesma lógica do Gemini, do Google, e do ChatGPT, da OpenAI. Em uma caixa de perguntas, o usuário “conversa” com o robô. “Com o Meta AI na ponta dos seus dedos, você pode pesquisar tópicos, explorar interesses, obter conselhos práticos e aprender novos hobbies”, afirma a empresa.

Na página do Meta AI, a companhia acrescenta que “os principais provedores de pesquisa” foram integrados ao robô, o que significa que os usuários poderão obter “informações atualizadas da internet”. Com isso, a empresa abre potencialmente uma frente de competição também com o Google, em um momento que os sistemas de IA têm funcionado como uma alternativa para pesquisas na internet.

A expansão da assistente da Meta acontece diante da disputa das big techs a atenção do usuário com IAs, que têm se tornado mais parecidas com assistentes virtuais. A OpenAI apresentou no mês passado atualizações do ChatGPT para que as conversas com o bot sejam em áudio e vídeo. O Google, semanas atrás, passou a incluir resumos feitos por inteligência artificial na busca, a começar pelos EUA. A Microsoft tem o Bing integrado ao ChatGPT desde o ano passado.

O movimento tem despertado tanto questionamentos legais sobre uso de informações com direito autoral para treinamento de robôs, como preocupação sobre a qualidade das informações que vêm sendo geradas por esses bots. Produtores de conteúdo também temem que os sistemas drenem a audiência para sites, o que poderia gerar um “deserto de informações” na internet.

Segundo Conrado, a Meta agora está “tropicalizando” a assistente virtual com o lançamento em português. Perguntado sobre o risco do sistema, como outros chatbots, gerar informações imprecisas ou desconectadas da realidade, ele minimizou:

— Eu ficaria bastante surpreso se tivesse alguma coisa que a gente já não tivesse capturado nesse lançamento todo (em outros países). E também em razão do perfil do que está sendo lançado. É uma assistente virtual vai ser acionada quando você fizer uma pesquisa, uma pergunta ou pedindo um auxílio — afirmou.

Durante o Meta Conversations, evento anual da empresa voltado para os negócios de mensageria, a companhia também anunciou novos recursos de IA para negócios que usam o WhatsApp Business. Segundo a big tech, a IA está sendo treinada para “responder às perguntas mais populares que as empresas recebem” no WhatsApp, o que deve começar a ser lançado nos próximos meses.

De acordo com Zuckerberg, além de construir bots voltados para os usuários das redes, a Meta também pretende construir agentes de IA que interajam com clientes pelas empresas:

— Nossa visão não é apenas construir um único assistente de IA, mas também habilitar muitas IAs diferentes que podem atender a propósitos diferentes, inclusive para empresas.

Para o Brasil, a companhia também apresentou uma nova integração com o Pix para negócios que usam os serviços corporativos do WhatsApp. A atualização vai permitir a criação e o envio de chaves pelo app, diretamente na conversa. A ideia é facilitar compras pela ferramenta de mensagens. As empresas brasileiras também vão começar a ter acesso ao Meta Verified, um selo pago que dá mais funcionalidades para uso das redes por negócios.